Proposta de formação de uma cooperativa para o Turismo Consciente em Jaboticatubas: Grupo “Cotuco ” (Cooperativa para o Turismo Consciente)

Nome da cooperativa e seus membros

Guias Cotuco ou Cotucadores serão os guias turísticos treinados pelos educadores e terapeutas da cooperativa Cotuco - eles serão “literalmente cotucadores” dos turistas para orientá-los e prevenir atitudes de desrespeito ao ambiente, a cultura, aos seres humanos e as riquezas arqueológicas, históricas e naturais. Seus membros serão pessoas de baixa renda, desempregados e profissionais de áreas relativas aos treinamentos oferecidos dentro da cooperativa.

A respeito de Jaboticatubas

Jaboticatubas   e uma cidade no interior de Minas Gerais Brasil   com aproximadamente 14040 habitantes, dos quais 68% vivem com dois ou menos salários mínimos, incluindo 28% sem nenhuma renda (informação retirada do site do IBGE). Na cidade existem 12 estabelecimentos de saúde e somente 31 leitos hospitalares. Existe apenas uma agência de informação turística e nenhuma infraestrutura de passeios turísticos organizados sob o gerenciamento de uma instituição ou empresa. A agricultura e o turismo são os recursos que mais trazem renda externa para a economia local. E na minha opinião, conhecendo a cidade e suas belezas naturais por toda minha vida, o turismo e sem dúvida a melhor e mais rápida forma de crescimento econômico, oportunidade de emprego principalmente para pessoas com de nível educacional mais baixo e também a melhor chance de intercambio e trocas culturais na atualidade. Porém, a maioria dos moradores de Jaboticatubas não tem capital de giro suficiente para criar e desenvolver suas ideias e novos recursos nesta área. Uma grande maioria não tem nem mesmo conhecimento suficiente a respeito destas belezas que estão disponíveis lá para eles desfrutarem todos os dias! Muitos estão sobrevivendo em suas rotinas atrás de alimento, moradia e cuidados básicos de saúde. A muitos anos venho acompanhando o desenvolvimento lento da cidade, que alguns dizem que “parou no tempo” e outros dizem que “cresce a cada dia”, e entendo que existe muita criatividade e potencial principalmente nos jovens e crianças, mas também uma enorme dificuldade de acesso a informação e recursos para fazer alguma diferença. No papel, a cidade parece estar sobrevivendo bem e desenvolvendo, mas em prática, sabemos que as dificuldades são grandes e criou-se um ciclo vicioso de reclamação ou   de “não tem jeito” na mente dos moradores. Poucos trazem uma visão inovadora e esperançosa para a cidade. Com isto, acredito que criando uma cooperativa para o “turismo consciente” (trademarked idea) dentro desta cidade, as chances de desenvolvimento e melhor qualidade de vida para os moradores seria visivelmente muito maior.

A minha proposta

  A minha proposta e criar uma cooperativa para o “turismo consciente” (veja descrição no web www.danuza.org ) nesta região, possibilitando os moradores de baixa renda ou desempregados a um treinamento profissional e conscientização ambiental, juntamente com a possibilidade de criar maior retorno econômico para a cidade. A cooperativa seria auto-suficiente e mais tarde poderia contribuir financeiramente para outros incentivos a preservação da beleza natural e apreciação da mesma com infraestrutura para atender a vários turistas internacionais. Poderia também criar incentivos internos para os membros da cooperativa através da construção de novas moradias; reparo, saneamento e higienização de casas já existentes; incentivos nutricionais para crianças mal-nutridas e transportes coletivos para pessoas de baixa renda, entre outros.         

Porque é uma ideia nova?

A ideia e nova porque ainda não existe uma empresa de turismo consciente em Jaboticatubas e talvez nem mesmo no Brasil. Não conheço nenhuma que não tenha fins lucrativos ou que possibilite treinamentos profissionalizantes incluindo incentivos a autoestima com palestras educacionais e terapias holísticas; conscientização ambiental e social e responsabilidade em defender os direitos humanos. Muitas empresas turísticas no Brasil já estão implantando um turismo mais consciente e praticando éticas responsáveis do código mundial de ética do turismo, mas não como uma cooperativa. Além disto, a cooperativa seria uma oportunidade real de apreciação internacional para estas belezas naturais, pois os poucos turistas internacionais que se aventuram por aquela região sem falar muito bem o Português, não conseguem ir muito além da pracinha central da cidade!  

Por que é uma ideia sustentável?

A ideia e sustentável porque as belezas naturais estão disponíveis de graça na natureza e se forem preservadas e os turistas forem incentivados a visita-las com consciência, o retorno financeiro destas atividades seria suficiente para pagar os salários de educadores e guias profissionalizados dentro da cooperativa. Além disto, a cooperativa poderá planejar retiros e acampamentos educacionais na natureza para crianças e adolescentes de outras regiões no Brasil, criando um vinculo de novas possibilidades para o desenvolvimento de outras cooperativas em outras regiões ricas de belezas naturais. Os turistas de melhor renda, incluindo internacionais poderiam ser uma fonte de recursos para o crescimento da cooperativa e acesso a maior informação e tecnologia.

Por que é replicável?

A ideia e replicável porque existem milhares de locais dentro de Minas Gerais e no Brasil com enorme potencial para um turismo consciente e lucrativo para as famílias de pouca ou nenhuma renda e poucas cidades com infraestrutura para sustentar de forma responsável uma quantidade maior de turistas.

Qual é a minha metodologia de trabalho?

A metodologia e humanitária e holística. Buscando respeitar os direitos humanos, a diversidade, incentivar a cultura e a beleza de nossa “mãe-terra”, criar união e incentivar novos líderes para uma mudança social e melhoramento de nossa condição geral de vida neste planeta. Trazendo mais amor incondicional, mais paz, mais compreensão, mais valorização da essência divina em cada individuo e sua forma única de contribuir para o mundo!

Quem são os atores envolvidos (sociais, econômicos, políticos, etc.)? Cómo me relaciono com eles (tipos de parcerias)?

Inicialmente escolhi Jaboticatubas por ter aproximadamente 300 parentes dentro da família Martins (que é a família de minha mãe). Meus avós foram os pioneiros no desenvolvimento desta cidade e tenho muitos contatos dentro desta árvore genealógica e tradição familiar!   Meus avós e pais sempre ajudaram os pobres da cidade com o que puderam. Desde criança eu convivi com esta mentalidade de ajudar e dividir conhecimentos com os menos favorecidos. Além disto, tenho parceiros que estão realmente dispostos a criar uma mudança na cidade, entre eles a diretora da Creche, o diretor do asilo, a diretora da escola pública, os funcionários do hospital, o radialista local, o dono do Posto de gasolina Iland e da loja Ival comercio.   Dentro dos estados unidos tenho um grande network de amigos e simpatizantes da causa que ajudam financeiramente e com seus conhecimentos múltiplos, incluindo agentes turísticos, empresários na área de computação e informática, artistas e músicos, ativistas na luta pelos direitos humanos e pela paz, donos de restaurantes, profissionais da rede de hotelaria, entre outros. Tenho parceria a longo prazo com a Creche Irmã Dolores em Jaboticatubas e a empresa Standardcode em Boston. Além disto, conto com a ajuda de todos os membros de minha organização e voluntários que já trabalham no projeto “Conde Mateus”. Porém o meu maior parceiro sempre foi e sempre será Deus! Ele e quem me acompanha desde meus primeiros dias na favela até os dias de   hoje vivendo em uma casa confortável e tendo a educação e oportunidade para ajudar a pessoas menos avantajadas!

Que mudanças estão ocorrendo na sociedade através da atuação do meu trabalho? Que práticas de pessoas e instituições eu ajudo a reformular?

Nesta fase ainda de pesquisas para a criação da cooperativa, apenas tenho conseguido manter um número mínimo de turistas com interesse em voluntariar nos projetos de ajuda aos pobres de Jaboticatubas, então consigo levá-los a maior conscientização a respeito da necessidade de preservar e expor a beleza e cultura local, além de criar um movimento de incentivo e crescimento social para a população. Tenho aos poucos mudado a mentalidade de certos indivíduos líderes na economia local, para retornar parte de seu ganho investindo na comunidade e ajudando a aliviar a fome. Também tenho aos poucos tentado mudar a mentalidade de crítica e negatividade que invade o coração dos menos informados fazendo eles entenderem que não são incapazes e nem tem que esperar em passividade por mudanças criadas pelo governo, mas sim tem que acreditar no potencial próprio e se unirem para aprender um com os outros e   aumentarem as formas de renda de maneira criativa. Um exemplo aconteceu com um dos voluntários do programa “Conde Mateus” que estava desempregado e vivia sob efeito de álcool pelas ruas da cidade. Após ser recrutado como voluntário e iniciar uma ajuda aos próprios companheiros de sua vizinhança, passou a conhecer melhor seus vizinhos e ser visto como uma pessoa caridosa. Isto fez com que ele se envergonhasse da bebida em excesso e com o tempo diminuiu consideravelmente seu vício, passando a permanecer mais tempo sóbrio e hoje já trabalhando em um sítio. Seu Luís e hoje um dedicado adepto voluntário dentro do projeto e aos poucos está aprendendo a manter uma renda para sua família.   Também tenho mudado muito a posição dos funcionários do asilo e da creche, que hoje também estão mais positivos em relação ao que são capazes de fazer para o benefício de si próprios e da população com quem eles trabalham. Tenho criado muita esperança entre as crianças que já veem o nosso projeto como uma pequena luz no caminho deles!

Qual o impacto social deste trabalho?

Acho que respondi qual é o impacto social nos itens anteriores. Mas   vejo principalmente uma mudança de atitude em relação às possibilidades que estas pessoas têm para criar uma vida melhor. A atitude de esperança e positivismo, além de praticidade e firmeza perante as dificuldades pode sem dúvidas levar a muitas mudanças sociais na região. A mais óbvia delas será o crescimento do turismo gerando mais empregos e recursos financeiros dentro da cidade.

Que metas eu tenho? Qual é a minha estratégia a curto, médio e longo prazo. Como pretendo disseminar este trabalho?

A primeira meta e conseguir um local físico para treinamento e escritório para a cooperativa e registra-la. A partir de identificar educadores para treinar os guias e estruturar a cooperativa com atividades turísticas tais como caminhadas, passeio as cachoeiras, canoagem, acampamentos, entre outros. Criar um web site para atrair turistas internacionais e outros incentivos para visitantes de outras regiões brasileiras. A médio prazo a cooperativa teria uma grande função em estruturar também estes passeios a nível de transporte apropriado, acomodação e alimentação para os turistas, ajuda na manutenção da estrutura de certos locais como as pontes e caminhos na natureza, ajuda na limpeza e conservação do meio-ambiente, e informação atualizada das várias possibilidades de passeio. Por exemplo, no ano de 2005 foi necessário pedir autorização prévia para entrar em uma determinada cachoeira que antes era aberta ao publico para se banhar. Eu estava com dois turistas e voluntários   norte americanos e esta autorização de última hora somente foi possível porque o dono da propriedade era meu primo!   A longo prazo pretendo criar palestras de terapias holísticas para dar apoio emocional a todos os membros da cooperativa e de baixa renda da comunidade e incentivar lideranças locais. A longo prazo desejo ver o crescimento local da economia através do turismo consciente e o favorecimento da entrada de vários novos profissionais no mercado de trabalho. Estes também serão novos reformadores sociais! Também pretendo expandir este projeto por outras partes do Brasil e talvez até em países como Sri Lanka e Espanha.   O modelo deste projeto deve servir de base a outros empreendedores sociais com vontade de criar impacto no mundo.

Como funcionaria na pratica? Que tipo de atividades e serviços serão prestados e desenvolvidos pela cooperativa?

  • A cooperativa inicialmente se preparar através de um treinamento intensivo provido aos primeiros candidatos de baixa renda e que tenham interesse de se transformarem em Guias Cotuco. Eles aprenderiam por palestras e demonstrações em diversos locais de interesse turístico, a respeitar o código mundial de ética do turismo (guia de princípios e práticas responsáveis preparados pela OMT).   Eles estarão comprometidos com esta ética e “cotucariam” turistas inconscientes e vândalos chamando a atenção deles para uma nova proposta turística. Além disto eles teriam outros treinamentos holísticos e palestras sobre direitos humanos, dinâmica de grupo e multiculturalismo, prevenção a violência e abuso de substâncias, entre outros temas sociais importantes.
  • Os Guias Cotuco e os assistentes e atendentes da cooperativa seriam compensados financeiramente pelo serviço prestado aos turistas e acompanhamento dos mesmos em City Tours, caminhadas, passeios em cachoeiras e outras atividades esportivas para as quilhas forem treinados. O recurso financeiro viria dos próprios turistas que comprariam os serviços prestados e também poderiam fazer doações para a cooperativa. Outros custos administrativos, de manutenção, reparo e de compra de materiais para a execução de atividades, viriam também da compra dos serviços e de doações arrecadadas em prol da cooperativa. Na medida do possível, a cooperativa poderá ter seus veículos de transporte coletivo o mais seguro e saudável possível para o ambiente e as pessoas.   
  • Pessoas que não forem de baixa renda também poderiam comprar os serviços da cooperativa.
  • Algumas palestras educativas sobre proteção ambiental e outros temas sociais seriam gratuitamente oferecidas para o público em geral para aumentar a consciência coletiva em relação a prática consciente do turismo.
  • Turistas de todas as partes do mundo receberiam um panfleto informativo da cooperativa assinalando seus objetivos e orientando a favor de práticas responsáveis e contra práticas ilegais ou proibições dentro do regulamento de comportamento humanitário adaptado pela cooperativa. (Ex: os guias ou turistas não poderiam ofender uns aos outros com “palavrões” ou gestos obscenos, abuso físico ou de outro tipo).
  • Os Cotuco (todos os membros e colaboradores denominados da cooperativa) passariam então a atuar também como reformadores sociais e empreendedores para um desenvolvimento da estrutura para o turismo em Jaboticatubas de forma consciente. Eles iniciaram um trabalho de recuperação de trilhas, de instalação de pontes em partes de difícil acesso para caminhadas, melhorariam a sinalização dos caminhos e perigos dentro de determinadas trilhas ou atividades, ajudariam a limpar e manter as aguas, vegetações, fauna, flora, monumentos históricos e arqueológicos, incentivariam o consumo de produtos artesanais feitos por membros da comunidade local, entre outros.
  • Os Cotuco receberiam apoio de educadores nacionais e internacionais para também aprender outras línguas e costumes de turistas de todas as partes do mundo. Eles também receberiam tratamentos holísticos para si próprios e para ajudar a comunidade (ex: cursos de meditação, nutrição e auto-ajuda)
  • Posteriormente, a cooperativa poderá gerar maiores benefícios aos seus membros como moradia, seguro de saúde, bolsas para cursos técnicos suplementares, entre outros! Também posteriormente a Cotuco poderá criar pontos de apoio que serão também parte da cooperativa, como restaurantes, lanchonetes, pousadas, lojas de artesanato, entre outros.
  • A cooperativa será uma formadora de novos lideres e empreendedores sociais para o beneficio do mundo!